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O axé vem da cozinha

No início da minha carreira no jornalismo, surgiu uma pauta: entrevistar a atriz Chica Xavier que estava lançando um livro. O encontro seria no centro espírita da Mãe Neide (@@chefmaeneide), e lá fui eu conversar com as duas mulheres sobre a religião de matriz africana. E como foi bonito, e a primeira lição inesquecível: respeito a todas religiões. Lá, vivi a experiência cheia de fé, onde tinha música, dança e gastronomia, comi feijoada com as mãos e Mãe Neide logo explicou que os escravos comiam assim, e o sabor com história jamais esqueci.

Capa do livro da WA JEUN, Sabores Ancestrais Afro indígenas da Mãe Neide

Assim segui a trajetória da alagoana Mãe Neide, que de estudante de gastronomia à chef de seu restaurante Baobá (@vemprobaoba), lá se vão mais de 20 anos de amizade. No dia 19 de agosto, a chef lançou seu livro “Wa Jeun: Sabores Ancestrais Afro-indígenas” pela editora Imprensa Oficial Graciliano Ramos (@imprensaoficialal) numa festa afro na Bienal do Livro.“ O livro tem fotografia assinada por Rui Nagae, coordenação editorial de Patrycia Monteiro e projeto gráfico de Fernando Rizzotto. A obra encontra-se disponível nas lojas física e virtual da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Que lindeza de livro nascido no solo alagoano, na terra de Zumbi e Dandara.

“Wa Jeun: Sabores Ancestrais Afro-indígenas” pela editora Imprensa Oficial Graciliano Ramos (@imprensaoficialal) numa festa afro na Bienal do Livro

De acordo com o diretor da Imprensa Oficial, Maurício Bugarim, a publicação do livro representa o compromisso do Governo de Alagoas com o resgate da memória alagoana e o respeito à diversidade. “O Governo do Estado tem a missão de garantir a pluralidade do nosso povo, nas suas mais diferentes formas de expressão. Neste livro de receitas, há um resgate das tradições negras e indígenas que, historicamente, foram silenciadas”, salientou.

“No Candomblé e na Umbanda, a comida é um dos elementos centrais. Não há festa, oferenda, iniciação ou ritual sem comida. É através da manipulação dos alimentos que são feitos os agradecimentos aos orixás. Arriar comida no pé do seu orixá é uma forma de estreitar os laços entre o orixá e você”, explica Mãe Neide.

Com a Mãe Neide no lançamento do livro WA JEUN, Sabores Ancestrais Afro indígenas,

Nas panelas de barro do restaurante Baobá tem moqueca de ovo, amalá, galinhada, malungos, acarajé, caruru, vatapá, mulungu, entre outras receitas temperadas com história dos africanos que chegaram no Brasil como escravos. Segundo a chef da casa, Mãe Neide,  muitas receitas nascidas dos restos de comidas dos brancos, como o feijão quilombola preparado com grãos pretos, brancos e misturados com pés bovino e suíno, costela, bacon, linguiça, ervas verdes… Para celebrar tem o xequeté (com ou sem álcool), bebida preparada com suco de maracujá, mel, canela e gengibre (bem presente no paladar).

Maria Neide Martins, conhecida como Mãe Neide Oyá D’Oxum, nasceu no município de Arapiraca. Formada em gastronomia, desde menina aprendeu a cozinhar, em especial com a sua avó, quituteira de mão cheia na cidade do Agreste. Patrimônio Vivo Cultural do Estado, fundadora da ONG Centro de Formação e Inclusão Social Inaê, mãe Neide é muito axé!

Acarajé no Baobá

Livro – WA JEUN, Sabores Ancestrais Afro indígenas – R$ 60,00/ Vende na Imprensa Oficial Graciliano Ramos ou na loja virtual-https://www.imprensaoficial.al.gov.br/antigo/loja

Restaurante Baobá – União dos Palmares: Serra da Barriga/ Buffet Afro a partir de R$: 75,00/ 82 99620-5364/ 82 99623-6899

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2 comentários
  • Cláudia Puentes
    6 meses Atrás

    Maravilha de texto, você é grande, assim como minha Mãe Neide. Axé!!

    • Nide Lins
      6 meses Atrás
      AUTOR

      Axé

Comentários desse post

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