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Seu Vieira, para Sempre!

Os fãs do Caldinho do Vieira sonhavam com o novo endereço da tradição do caldinho do feijão, com tom acentuado de cominho e pimenta do reino, mas não aconteceu. O boteco famoso do Farol encerrou as atividades em outubro de 2020, deixando saudade. Em 14 de julho de 2023, a saudade ficou maior, porque o dono da receita, José Vieira dos Anjos, o alagoano que nutriu muitas gerações com muito sabor, Nos deixou aos 78 anos, dos quais 50 foram dedicados ao bar. É impossível esquecer do sorriso do alagoano nascido em Pão de Açúcar. Ele lembrava com orgulho do seu primeiro emprego na Casas José Araújo, onde colecionou prêmios de primeiro lugar como vendedor de tecidos. Mas o melhor prêmio ele deu para os alagoanos, o caldinho de feijão, e foi o maior vendedor de alegria em mesa de bar.

Das suas histórias contadas, lembro que Vieira falava do reconhecimento dos clientes fiéis, que mudaram de bairro e até de cidade, mas não esqueciam o bar. “Tem gente que mora em Brasília, São Paulo, mas quando estão por Maceió, passam aqui já com a garrafa térmica para pegar o caldinho, e alguns ainda levam para fora de Alagoas”, relatava Vieira.

Vieira é imortal, afinal construiu uma historia saborosa com seu caldinho de feijão (patrimônio imaterial de Alagoas) e quem provou sua receita jamais o esquecerá.

As garrafas térmicas guardam caldinho de feijão do Vieira, tradição de 50 anos

Nas garrafas térmicas continham muitas histórias do Caldinho do feijão do Vieira, com o tom acentuado do cominho e pimenta do reino, mais alagoano impossível. E o ritual não mudava. Todos os dias, o garçom ao abrir uma dessas garrafas, o  líquido bem encorpado caia no copo de vidro esfumaçando, como se diz, pelando, simplesmente era divino.

Trajetória – Vieira chegou em Maceió ainda jovem, seu primeiro emprego foi na Casas José Araújo, e ganhava prêmio de primeiro lugar como vendedor de tecidos, depois enveredou na vida de taxista. Como a nova profissão não rendia muito, em paralelo abriu uma mercearia, com sua esposa Rita de Cassia Vergetti dos Anjos. Os fregueses começaram a pedir petisco, aí entrou em cena o caldinho do feijão, uma receita de Maria José Viana, lá de Pão de Açúcar.

“Achei que estava muito simples, aí incrementei com manteiga do sertão e ovos cozidos”, contou Vieira. Por  semana usavam em média 80 litros de caldinho de feijão.  Nas panelas cabiam 10 pimentões, 10 cebolas, 35 quilos de tomate, 35 ovos, 8 moios de coentro e muito feijão carioquinha para uma história saborosa.

O bar,  no bairro do Farol, fez sua história em torno do caldinho de feijão, seja para assistir as milhares de partidas de futebol dos campeonatos e das copas do mundo, seja para as conversas entre amigos. Mas nem precisava a bola rolar na telinha e nos clássicos no Pelé, sentar-se na mesa de bar para apreciar o caldinho, e ainda ter um dedo de proza com Vieira, uma autoridade da gastronomia popular de Maceió foi uma grife alagoana.

Foto de 2016: Vieira, o mestre de caldinho de feijão no balcão do bar

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3 comentários
  • Ana Karla Cavalcante
    7 meses Atrás

    Nide Lins, sou sua fã!!
    Com maestria, você consegue capturar a cena e congelá-la no tempo, e como uma cápsula jogada ao mar e no decorrer dos anos, quem resgatar sentirá a mesma sensação de quem esteve lá.
    Assim, foi e sempre será o caldinho do Vieira, eternizado em seu texto.

    • Nide Lins
      7 meses Atrás
      AUTOR

      obrigada

  • Luciano Chagas da Sil
    7 meses Atrás

    Era freguês desde o te.mpo em que só tinha uma porta, nos idos de 1980. Tornou-se meu amigo e o vi há cerca de um mês no shopping Maceió. Deixa saudades e uma vida como homem de bem e do bem que sempre foi. Pêsames para familiares. Saudades. Deus os conforte

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