Segunda-feira, dia de começar tudo de novo. Não nasci de sete meses, contudo vivo com o pensamento à frente e sempre imagino que os sábados e domingos podem ser mais saborosos com as nossas tradições, de modo que nesse fim de semana eu fiz uma visitinha às boleiras de Riacho Doce para comprar comidinhas à base da mandioca, como grude, beiju, bolo de macaxeira, e os doces suspiros. Bati na casa das filhas de dona Percina Assis (faleceu em 23 de outubro de 2013), uma das boleiras mais antigas da cidade, que tive o prazer de entrevistar e contar a sua história no blog e no meu livro Guia de Gastronomia Popular Alagoana.
O legado de dona Percina continuou com as filhas Anabel, Angélica, Angelina e Joselina. Elas seguem a tradição do “saber e fazer” em fornos de barros a lenha. O ingrediente principal dos bolos e doces é originário da mandioca, como a goma, massa puba amarela e branca (comprada nas feiras e mercados), coco seco, leite de coco, manteiga, sal. Detalhe: as receitas não levam ovos (nem os bolos), e a farinha de trigo é apenas usada para a brasileira. Os bolos mais famosos são os de macaxeira e de milho.
O beiju em Alagoas é preparado com a massa da tapioca (branca), massa puba (amarela) e a própria macaxeira crua, . Todas são boas, o que muda é a textura e sabores, por exemplo, a de tapioca é branquinha e mais delicada, de sabor mais neutro. Já a de macaxeira passa por um processo, primeiro é ralada crua e, em seguida, é prensada para separar o liquido da massa, peneira, e por ultimo se coloca sal. Com essa mesma massa se faz o bolo, que é peneirado na urupema (peneira de palha).
Além das receitas das filhas de dona Percina, também gosto das iguarias preparadas por Cristina, que tem o forno de barro próximo à praia de Riacho Doce. Ela acorda cedo todo sábado para preparar beiju, grude, bolos, pé de moleque, e, em especial, a tapioca misturada, que só encontramos em Riacho Doce.
Tapioca misturada não tem mistério, basta juntar a goma de tapioca com coco ralado e fechar sem recheio. A tapioca é rústica, porém não deixa nada a desejar à tapioca tradicional. Para acompanhar, um café bem quentinho.
Maceió, pelo meu conhecimento, é a única capital do Nordeste que tem um núcleo de boleiras trabalhando em fornos de barro para produzir as tradições da mandioca, que hoje virou moda porque não tem glúten. Nosso patrimônio de sabores alagoanos bem que poderia ser tombado. Concordam?
Rota das boleiras de Riacho Doce
A produção de bolos, tapiocas, pé de moleque, beijus e brasileiras começa antes mesmo de o sol nascer. Às 10 horas as iguarias saem do forno de barro e vão ser vendidas nos tabuleiros às margens da Rodovia AL-101, defronte da igrejinha. Preço, a partir de R$ 3,00 (por unidade). Beiju com 4 unidades, R$ 3,00.
Contatos: Anabel (82) 3355.1264 / Cristina 98816. 7321
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5 comentários
Cicinha da Tapioca Nosso Xodó
8 anos Atrás
E uma maravilha, amo esses produtos, saindo quentinho, da água na boca.
neta oliveira
8 anos Atrás
Como fazer o grude de tapioca.
Nadeje
8 anos Atrás
É uma maravilha, gosto de todos mas o grude é o meu favorito, com um cafezinho hummmmmmm!
Publio Barbosa
2 anos Atrás
Quais os locais onde posso adquirir esses beijus de goma na cidade de Maceió?
Nide Lins
2 anos Atrás
AUTOROnde encontrar: A produção de bolos, tapiocas, pé de moleque, beijus, grude e brasileiras começa antes mesmo de o sol nascer. Às 10 horas as iguarias saem do forno de barro e vão ser vendidas nos tabuleiros às margens da Rodovia AL-101, defronte a igreja Nossa Senhora da Conceição. Preço, a partir de R$ 3,00 (por unidade)